REVISÃO
Abordagens interdisciplinares na recuperação pós acidente vascular cerebral, otimizando função e autonomia do paciente: Uma revisão de literatura
Interdisciplinary approaches to post-stroke recovery, optimizing patient function and autonomy: A literature review
Ana Gabriela Tressmann Andrade Lopes1, Isabela Cardoso Martinelli2, Taíssa Doerl Sarcinelli Almeida1
1Centro Universitário Multivix, Vitória, ES, Brasil
2Universidade Vila Velha (UVV), Vitória, ES, Brasil
Recebido em: 3 de Novembro de 2025; Aceito em: 11 de Novembro de 2025.
Correspondência: Ana Gabriela Tressmann Andrade Lopes, gabiitressmann@gmail.com
Como citar
Lopes AGTA, Martinelli IC, Almeida TDS. Abordagens interdisciplinares na recuperação pós acidente vascular cerebral, otimizando função e autonomia do paciente: Uma revisão de literatura. Fisioter Bras. 2025;26(6):2839-2848. doi:10.62827/fb.v26i6.1116
Introdução: A reabilitação pós-Acidente Vascular Cerebral (AVC) é fundamental para a recuperação da função motora, equilíbrio, mobilidade e autonomia dos pacientes. Déficits funcionais decorrentes do dano neurológico podem comprometer a independência em atividades de vida diária, tornando essencial a implementação de abordagens interdisciplinares que integrem fisioterapia, manejo médico e estratégias educacionais. Objetivo: Realizou-se uma revisão bibliográfica para avaliar o impacto da reabilitação interdisciplinar, com ênfase na fisioterapia, na recuperação funcional e na autonomia de pacientes após Acidente Vascular Cerebral, considerando força muscular, equilíbrio, mobilidade e qualidade de vida. Métodos: Trata-se de uma revisão bibliográfica, de caráter descritivo e analítico, fundamentada em publicações nacionais e internacionais disponíveis nas bases da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que reúne literatura científica e técnica em saúde de países da América Latina e Caribe; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), que contempla produção científica regional em saúde; United States National Library of Medicine (PubMed), base internacional de referência para ciências biomédicas; e Scopus, base de dados multidisciplinar de literatura científica. Foram incluídos artigos publicados entre 2019 e 2025, totalizando 10 estudos, selecionados com base na relevância para reabilitação pós-AVC, protocolos fisioterapêuticos e resultados funcionais. Resultados: A literatura demonstrou que programas de reabilitação interdisciplinar, com fisioterapia estruturada, promovem melhora significativa da força muscular, equilíbrio, mobilidade e autonomia funcional. Protocolos que combinam treino de marcha, exercícios resistidos, mobilização precoce, atividades funcionais adaptadas e monitoramento individualizado reduziram déficits motores residuais, aceleraram a recuperação e aumentaram a independência do paciente. Fatores como adesão terapêutica, suporte familiar e integração entre fisioterapia e acompanhamento médico influenciaram diretamente a eficácia dos programas. As evidências reforçam que a recuperação funcional pós-AVC é multifatorial, dependendo da interação entre fatores intrínsecos (déficits motores, desequilíbrios posturais, alterações neurológicas) e extrínsecos (adesão ao programa, comorbidades, suporte social). A fisioterapia estruturada, aliada ao acompanhamento médico e à educação do paciente, emergiu como elemento central para individualizar o tratamento, otimizar a função, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida. Conclusão: O estudo demonstrou que a reabilitação interdisciplinar, com destaque para a fisioterapia estruturada, é essencial para a recuperação funcional e autonomia de pacientes pós-Acidente Vascular Cerebral. Programas individualizados que integrem manejo médico, exercícios terapêuticos e monitoramento contínuo promovem ganhos significativos na força, equilíbrio, mobilidade e qualidade de vida, evidenciando a importância de abordagens multifatoriais e interdisciplinares para otimizar a recuperação e reduzir complicações.
Palavras-chave: Práticas Interdisciplinares; Reabilitação do Acidente Vascular Cerebral; Terapia por Exercício.
Introduction: Post-stroke rehabilitation is essential for restoring motor function, balance, mobility, and patient autonomy. Functional deficits resulting from neurological damage can compromise independence in activities of daily living, making it crucial to implement interdisciplinary approaches that integrate physiotherapy, medical management, and educational strategies. Objective: This literature review aimed to evaluate the impact of interdisciplinary rehabilitation, with an emphasis on physiotherapy, on functional recovery and autonomy in patients after stroke, considering muscle strength, balance, mobility, and quality of life. Methods: This is a descriptive and analytical literature review based on national and international publications available in the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), which gathers scientific and technical health literature from Latin American and Caribbean countries; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), which covers regional health research; United States National Library of Medicine (PubMed), an international reference database for biomedical sciences; and Scopus, a multidisciplinary scientific literature database. Articles published between 2019 and 2025 were included, totaling 10 studies, selected based on relevance to post-stroke rehabilitation, physiotherapy protocols, and functional outcomes. Results: The literature demonstrated that interdisciplinary rehabilitation programs with structured physiotherapy promote significant improvements in muscle strength, balance, mobility, and functional autonomy. Protocols combining gait training, resistance exercises, early mobilization, tailored functional activities, and individualized monitoring reduced residual motor deficits, accelerated recovery, and enhanced patient independence. Factors such as therapeutic adherence, family support, and integration between physiotherapy and medical care directly influenced program effectiveness. Evidence reinforces that functional recovery post-stroke is multifactorial, depending on the interaction between intrinsic factors (motor deficits, postural imbalances, neurological alterations) and extrinsic factors (program adherence, comorbidities, social support). Structured physiotherapy, combined with medical monitoring and patient education, emerged as a central component to individualize treatment, optimize function, reduce complications, and improve quality of life. Conclusion: The study demonstrated that interdisciplinary rehabilitation, with emphasis on structured physiotherapy, is essential for functional recovery and autonomy in post-stroke patients. Individualized programs integrating medical management, therapeutic exercises, and continuous monitoring yield significant gains in strength, balance, mobility, and quality of life, highlighting the importance of multifactorial and interdisciplinary approaches to optimize recovery and minimize complications.
Keywords: Interdisciplinary Placement; Stroke Rehabilitation; Exercise Therapy.
O acidente vascular cerebral (AVC) representa uma das principais causas de incapacidade funcional em adultos, acarretando déficits motores, cognitivos e sensitivos que impactam diretamente a autonomia e a qualidade de vida do paciente. A intervenção médica, incluindo diagnóstico precoce, reperfusão cerebral, controle de fatores de risco e estabilização clínica, constitui a base do cuidado agudo e influência diretamente o prognóstico e a evolução funcional [1].
Após a fase aguda, a reabilitação interdisciplinar emerge como etapa essencial para otimizar a recuperação funcional e reduzir sequelas permanentes. A fisioterapia ocupa papel central nesse processo, promovendo neuroplasticidade, fortalecimento muscular, reeducação da marcha e exercícios orientados a tarefas específicas. Estudos demonstram que programas estruturados de fisioterapia intensiva estão associados a melhorias significativas na força, mobilidade, equilíbrio e desempenho em atividades da vida diária [2,3].
A integração entre fisioterapia e medicina é fundamental para maximizar os resultados clínicos. O acompanhamento médico contínuo permite ajustes de medicação, monitoramento de comorbidades e prevenção de complicações, enquanto a fisioterapia atua na execução de protocolos funcionais personalizados. Revisões recentes evidenciam que a atuação coordenada de equipes multidisciplinares, envolvendo neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, contribui para maior independência do paciente e menor tempo de internação ou readmissão [4,5].
Equipes interdisciplinares, quando bem coordenadas, potencializam os resultados da reabilitação no pós-AVC, reduzindo o tempo de internação e aumentando a autonomia funcional dos pacientes [6]. Em especial, modelos organizados de cuidado que combinam neurologia, medicina de reabilitação, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia demonstraram melhores taxas de alta para o domicílio e menores índices de complicações [7]. A fisioterapia, nesse contexto, assume papel protagónico ao implementar programas intensivos de treino funcional que visam restauração da marcha, mobilidade do membro superior e recuperação de atividades da vida diária, contribuindo de modo direto para a realização das metas interdisciplinares.
Ademais, as inovações tecnológicas e metodológicas têm ampliado o alcance da fisioterapia na reabilitação pósAVC, com destaque para intervenções como estimulação elétrica funcional, robótica e telereabilitação que permitem manutenção e ampliação do treino fora do ambiente hospitalar [8]. Estas tecnologias, quando integradas ao plano de tratamento médico e à terapia ocupacional e fonoaudiológica, oferecem maior flexibilidade e continuidade à reabilitação, promovendo adesão e alargando o alcance de cuidados em fases crônicas e domiciliares [9,10]. Essa evolução reforça a necessidade de protocolos que envolvam não apenas os profissionais e os pacientes, mas também os cuidadores e o ambiente domiciliar, com coordenação médica e fisioterapêutica.
Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre abordagens interdisciplinares na recuperação pós-AVC, com foco na fisioterapia como pilar central da intervenção funcional. O objetivo foi mapear protocolos de reabilitação, resultados em força, mobilidade e autonomia, e identificar fatores que potencializam ou limitam a recuperação do paciente, reforçando a importância de estratégias integradas entre medicina e fisioterapia.
Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter descritivo e analítico, fundamentada em publicações nacionais e internacionais disponíveis nas bases da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que reúne literatura científica e técnica em saúde de países da América Latina e Caribe; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), que contempla a produção científica regional em saúde; United States National Library of Medicine (PubMed), base internacional de referência para ciências biomédicas; e Scopus, que reúne literatura científica multidisciplinar. Foram incluídos artigos publicados entre 2022 e 2025, totalizando 10 estudos, selecionados com base na relevância para reabilitação multimodal pós-AVC, protocolos fisioterapêuticos, intervenções interdisciplinares e resultados funcionais.
A questão norteadora foi elaborada segundo o protocolo PICOTT: Quais são os principais efeitos das abordagens interdisciplinares, com ênfase na fisioterapia, sobre a recuperação funcional, autonomia e qualidade de vida de pacientes pós-AVC?
As buscas foram realizadas utilizando Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH), selecionados de acordo com a questão de pesquisa: “stroke”, “post-stroke rehabilitation”, “physical therapy”, “multidisciplinary team”, “functional recovery” e “activities of daily living”. Para a combinação dos termos, empregaram-se os operadores booleanos AND e OR, formando as seguintes estratégias de busca: “stroke” AND “physical therapy”; “post-stroke rehabilitation” AND “multidisciplinary team”; “stroke” AND “functional recovery” AND “activities of daily living”.
Foram considerados para inclusão: artigos originais, revisões sistemáticas, estudos clínicos, diretrizes de reabilitação e capítulos de livros que abordassem fisioterapia, protocolos interdisciplinares e resultados funcionais em pacientes pós-AVC. Admitiram-se publicações em português, inglês e espanhol, com texto completo disponível.
Foram definidos como critérios de exclusão: estudos focados exclusivamente em prevenção de AVC ou em reabilitação de outras condições neurológicas sem relação com AVC, relatos de caso isolados sem discussão ampliada, resumos de congresso sem texto completo, e materiais duplicados entre bases de dados.
A seleção dos estudos ocorreu em três etapas sequenciais: (1) identificação e remoção de duplicatas; (2) leitura dos títulos e resumos; (3) leitura integral dos textos elegíveis. Todo o processo de busca e triagem foi conduzido de forma independente por dois revisores, com divergências resolvidas em consenso.
A análise dos dados incluiu a sistematização das informações referentes aos objetivos, metodologias, principais achados e conclusões dos estudos. Os resultados foram organizados de forma a permitir uma visão crítica sobre o impacto da fisioterapia e das abordagens interdisciplinares na recuperação funcional, autonomia e qualidade de vida de pacientes pós-AVC.
Diante dos critérios estabelecidos, foram identificados 138 estudos nas bases selecionadas. Após a remoção de 12 duplicatas, restaram 126 artigos para leitura de títulos e resumos. Destes, 108 foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão. Assim, 18 artigos foram avaliados na íntegra, resultando em 10 estudos incluídos na revisão final.
Figura 1 - Fluxograma da busca de artigos selecionados para a revisão
O Quadro 1 sintetiza os 10 estudos incluídos nesta revisão, contemplando diferentes delineamentos metodológicos, intervenções fisioterapêuticas e estratégias interdisciplinares voltadas à recuperação funcional de pacientes pós-AVC. De modo geral, as evidências reforçam a eficácia dos programas estruturados de fisioterapia, a importância da mobilização precoce e o impacto positivo da integração entre equipes médicas e de reabilitação, que em conjunto contribuem para maior independência funcional, redução de complicações e melhora da qualidade de vida.
Quadro 1 - Síntese dos estudos utilizados na construção do presente artigo
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Autor/Ano |
Estudo (título em português) |
Tipo de Estudo |
Objetivo |
Desfecho |
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Alshehri et al., 2025 |
Revisão sistemática da reabilitação fisioterapêutica para sobreviventes de AVC em países árabes e na Arábia Saudita: abordagens atuais e desafios futuros |
Revisão sistemática |
Identificar práticas atuais e desafios na reabilitação fisioterapêutica pós-AVC em contextos árabes |
Evidenciou disparidades regionais na oferta de fisioterapia e necessidade de padronização e integração multiprofissional [1] |
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Persson et al., 2025 |
Avanços na sustentabilidade do cuidado em saúde por meio da reabilitação interdisciplinar em equipe de AVC |
Estudo descritivo observacional |
Investigar como equipes interdisciplinares de reabilitação contribuem para o cuidado sustentável e funcional de pacientes pós-AVC |
Mostrou que o trabalho integrado entre fisioterapeutas, médicos e terapeutas ocupacionais melhora os resultados clínicos e reduz readmissões [2] |
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Adityasiwi et al., 2025 |
Efetividade dos programas de reabilitação no pós-AVC agudo: uma revisão sistemática |
Revisão sistemática |
Avaliar o impacto de diferentes programas de reabilitação nas fases agudas do AVC |
Programas estruturados de fisioterapia precoce mostraram maior ganho funcional e melhor prognóstico motor [3] |
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Roesner et al., 2024 |
Efeitos das modalidades fisioterapêuticas na função motora e recuperação funcional de pacientes com AVC grave: atualização de revisão sistemática |
Revisão sistemática |
Atualizar evidências sobre intervenções fisioterapêuticas em≈AVC grave |
Confirmou a eficácia de modalidades combinadas (cinesioterapia, eletroestimulação, treino de marcha) na recuperação funcional [4] |
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Oike et al., 2024 |
Impacto da intervenção de equipe multidisciplinar na mobilização precoce de pacientes com hemorragia subaracnóidea aneurismática em unidade de AVC |
Coorte retrospectiva |
Avaliar os efeitos da mobilização precoce conduzida por equipe interdisciplinar em pacientes com AVC hemorrágico |
A mobilização precoce reduziu complicações e melhorou o tempo de recuperação motora [5] |
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Heredia-Callejón et al., 2023 |
Influência da aliança terapêutica na reabilitação de pacientes com AVC: revisão sistemática de estudos qualitativos |
Revisão sistemática qualitativa |
Analisar como a relação terapêutica influencia o engajamento e os resultados funcionais na reabilitação pós-AVC |
Relação positiva entre vínculo paciente-terapeuta e maior adesão, satisfação e resultados físicos [6] |
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Shahid et al., 2023 |
Revisão abrangente das intervenções fisioterapêuticas na reabilitação pós-AVC: abordagens por déficits e metas funcionais |
Revisão integrativa |
Revisar evidências de diferentes estratégias fisioterapêuticas aplicadas ao AVC |
Mostrou que terapias baseadas em metas funcionais e tarefas específicas potencializam o desempenho motor [7] |
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Meng et al., 2023 |
Terapia de reabilitação vestibular no equilíbrio e marcha em pacientes pós-AVC: revisão sistemática e meta-análise |
Revisão sistemática e meta-análise |
Examinar os efeitos da reabilitação vestibular no equilíbrio e marcha após AVC |
Resultados significativos na melhora da estabilidade postural e redução de quedas [8] |
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Heredia-Callejón et al., 2022 |
Benefícios de uma clínica interdisciplinar de AVC: preenchendo lacunas na fisioterapia no acompanhamento neurológico pós-AVC |
Estudo transversal |
Avaliar o impacto de clínicas interdisciplinares na continuidade da reabilitação fisioterapêutica |
A integração entre fisioterapia e neurologia melhorou adesão e funcionalidade a longo prazo [9] |
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Ada et al., 2014 |
Evidências sobre fisioterapia no pós-AVC: revisão sistemática e meta-análise |
Revisão sistemática e meta-análise |
Reunir e sintetizar evidências sobre eficácia da fisioterapia em pacientes pós-AVC |
Constatou benefícios robustos da fisioterapia para mobilidade, força e independência funcional [10] |
Permitiu-se observar um crescente interesse científico acerca das estratégias contemporâneas de reabilitação interdisciplinar no pós-AVC, com ênfase nas abordagens fisioterapêuticas integradas à medicina e às demais áreas da reabilitação [1,3,8]. Para além da caracterização metodológica, destaca-se a importância de compreender como as intervenções foram aplicadas na prática clínica, bem como os principais desfechos observados em termos de recuperação funcional, autonomia, qualidade de vida e reintegração às atividades da vida diária [10].
A análise da literatura evidencia que déficits funcionais, como fraqueza muscular, comprometimento da marcha e instabilidade postural, são desafios frequentes após o AVC, impactando diretamente a autonomia e a qualidade de vida do paciente [1–3]. Os achados confirmam que a fisioterapia estruturada, incluindo exercícios resistidos, treino de marcha, mobilização precoce e atividades funcionais adaptadas, é fundamental para restaurar a função motora e reduzir déficits residuais [1,3,4,7,10].
A integração interdisciplinar entre fisioterapia e medicina mostrou-se central na recuperação pós-AVC. Estudos indicam que a atuação conjunta permite avaliação clínica contínua, ajuste individualizado dos protocolos fisioterapêuticos, manejo de comorbidades e prevenção de complicações secundárias [2,5,8]. Esse modelo integrado otimiza a evolução funcional, acelera a recuperação e aumenta a segurança do paciente durante o processo de reabilitação, reforçando o papel complementar de médicos e fisioterapeutas.
Programas domiciliares supervisionados e estratégias educacionais para pacientes e familiares mostraram-se eficazes na manutenção dos ganhos funcionais e na promoção da autonomia, evidenciando que a continuidade da fisioterapia fora do ambiente hospitalar é essencial [6,9]. A adesão terapêutica e o suporte familiar emergem como fatores determinantes para a eficácia das intervenções, enquanto a educação em saúde contribui para a participação ativa do paciente e prevenção de complicações.
Entre os pontos fortes desta revisão destacam-se a seleção de estudos recentes e relevantes, o enfoque na fisioterapia como pilar central da reabilitação e a análise integrada das evidências de abordagem interdisciplinar. Entretanto, limitações importantes foram identificadas, incluindo heterogeneidade metodológica, diferenças nos protocolos de fisioterapia, variabilidade no tempo de início da intervenção e número limitado de ensaios clínicos randomizados. Essas limitações dificultam a generalização dos resultados e a padronização de condutas.
Os achados reforçam que a reabilitação pós-AVC deve ser individualizada e baseada em protocolos estruturados, combinando fisioterapia intensiva, acompanhamento médico, monitoramento contínuo e estratégias educacionais. Este artigo contribui para a prática clínica ao fornecer evidências sobre a eficácia de abordagens interdisciplinares, destacando a fisioterapia como elemento central para otimizar a função, autonomia e qualidade de vida do paciente. Além disso, os resultados apontam para a necessidade de futuras pesquisas com delineamentos robustos e padronização de protocolos, visando consolidar práticas baseadas em evidências e ampliar a aplicação clínica.
Os achados reforçam a necessidade de abordagens interdisciplinares personalizadas, nas quais a fisioterapia desempenha papel central, permitindo otimização da função, promoção da autonomia e melhora da qualidade de vida. Ao mesmo tempo, apontam para lacunas na literatura, como a heterogeneidade metodológica e a escassez de ensaios clínicos randomizados, indicando a necessidade de pesquisas futuras para consolidar protocolos baseados em evidências e ampliar sua aplicação clínica.
Em síntese, a reabilitação pós-AVC exige atuação integrada de fisioterapia e medicina, com programas individualizados, monitoramento contínuo e educação do paciente, sendo essa abordagem essencial para maximizar a recuperação funcional, reduzir complicações e promover independência e qualidade de vida a longo prazo.
A recuperação funcional pós-AVC depende de uma abordagem multifatorial, na qual a fisioterapia estruturada atua como pilar central, complementada pelo acompanhamento médico e pelo trabalho interdisciplinar. Os programas de fisioterapia, incluindo treino de marcha, exercícios resistidos, mobilização precoce e atividades funcionais, demonstraram ganhos significativos na força muscular, equilíbrio, mobilidade e autonomia dos pacientes.
A integração de estratégias médicas e fisioterapêuticas permite monitoramento contínuo, ajuste individualizado dos protocolos e manejo de complicações, acelerando a recuperação e promovendo segurança no processo de reabilitação. Além disso, programas domiciliares supervisionados e estratégias educacionais para pacientes e familiares potencializam a manutenção dos resultados alcançados, evidenciando a importância da continuidade do cuidado fora do ambiente hospitalar.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
Fonte de financiamento
Não houve financiamento.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Martinelli IC, Almeida TDS, Lopes AGTA; Obtenção de dados: Martinelli IC, Almeida TDS, Lopes AGTA; Análise e interpretação dos dados: Martinelli IC, Almeida TDS, Lopes AGTA; Redação do manuscrito: Martinelli IC, Almeida TDS, Lopes AGTA; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Martinelli IC, Almeida TDS, Lopes AGTA.
Referências
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