Clara Regina de Oliveira Soriano Bomfim Valença1, Larissa Lages Ferrer de Oliveira1
1Centro Universitário CESMAC, Maceió, AL, Brasil
Recebido em: 3 de Junho de 2025; Aceito em: 25 de Agosto de 2025.
Correspondência: Clara Regina de Oliveira Soriano Bomfim Valença, claraosb7@gmail.com
Como citar
Valença CROSB, Oliveira LLF. Cuidados de enfermagem e o impacto da endometriose na vida das mulheres: revisão integrativa. Enferm Bras. 2025;24(4):2634-2645. doi:10.62827/eb.v24i4.4076
Resumo
Introdução: a endometriose é uma doença ginecológica crônica, inflamatória e benigna que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva, comprometendo sua qualidade de vida, fato que exige uma atenção especial da equipe de enfermagem. Objetivo: descreveu-se o impacto da endometriose na vida das mulheres, considerando as múltiplas esferas afetadas, e como os cuidados de enfermagem podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pacientes. Métodos: trata-se de uma revisão integrativa, realizada por meio da busca na Scientific Electronic Library Online (SciELO), nas bases Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e na literatura cinzenta Google Acadêmico, utilizando os descritores controlados endometriose e cuidados da enfermagem, nos idiomas português, inglês e espanhol. Foram incluídas publicações de 2014 a 2024. Resultados: a amostra foi composta por 8 publicações. Os principais achados apontam que a dor crônica relacionada a endometriose é o sintoma mais incapacitante, interferindo na vida cotidiana e na saúde mental das mulheres. Além disso, foram observados impactos na vida sexual, nos relacionamentos interpessoais, no desempenho profissional e na autoestima. O papel da enfermagem destaca-se como essencial para o acolhimento, manejo da dor, educação em saúde e apoio psicossocial. Conclusão: a endometriose causa um grande impacto na vida das mulheres e a enfermagem, por meio de uma abordagem humanizada e integral, é um agente fundamental para a promoção do bem-estar das mulheres com endometriose, sendo necessário ampliar a capacitação dos profissionais e fortalecer práticas de cuidado empático e baseado em evidências.
Palavras-chave: Endometriose; Cuidados de Enfermagem; Mulheres.
Abstract
Impact of endometriosis on women’s lives and the nursing care: integrative review
Introduction: Endometriosis is a chronic, inflammatory and benign gynecological disease that affects millions of women of reproductive age, compromising their quality of life, a fact that requires special attention from the nursing team. Objective: To describe the impact of endometriosis on women’s lives, considering the multiple spheres affected, and to understand how nursing care can contribute to improving the quality of life of these patients. Methods: This is an integrative review, carried out by searching the Scientific Electronic Library Online (SciELO), the Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) and Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) databases, and Google Scholar, using the controlled descriptors endometriosis and nursing care, in Portuguese, English, and Spanish. Publications from 2014 to 2024 were included. Results: The sample consisted of 8 publications. The main findings indicate that chronic pain related to endometriosis is the most disabling symptom, interfering with women’s daily life and mental health. In addition, impacts on sex life, interpersonal relationships, professional performance, and self-esteem were observed. The role of nursing stands out as essential for welcoming, pain management, health education and psychosocial support. Conclusion: Endometriosis has a great impact on women’s lives and nursing, through a humanized and comprehensive approach, is a fundamental agent for promoting the well-being of women with endometriosis, and it is necessary to expand the training of professionals and strengthen empathetic and evidence-based care practices.
Keywords: Endometriosis; Nursing Care; Women.
Resumen
Impacto de la endometriosis en la vida de las mujeres y los cuidados de enfermería: revisión integradora
Introducción: La endometriosis es una enfermedad ginecológica crónica, inflamatoria y benigna que afecta a millones de mujeres en edad reproductiva, comprometiendo su calidad de vida, hecho que requiere una atención especial por parte del equipo de enfermería. Objetivo: Describir el impacto de la endometriosis en la vida de las mujeres, considerando las múltiples esferas afectadas, y comprender cómo el cuidado de enfermería puede contribuir a mejorar la calidad de vida de estas pacientes. Métodos: se trata de una revisión integradora, realizada mediante búsquedas en la Scientific Electronic Library Online (SciELO), en las bases de datos Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) y Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), y en Google Scholar, utilizando los descriptores controlados endometriosis y cuidados de enfermería, en portugués, inglés y español. Se incluyeron publicaciones de 2014 a 2024. Resultados: la muestra estuvo conformada por 8 publicaciones. Los principales hallazgos indican que el dolor crónico relacionado con la endometriosis es el síntoma más incapacitante, interfiriendo con la vida diaria y la salud mental de las mujeres. Además, se observaron impactos en la vida sexual, las relaciones interpersonales, el desempeño profesional y la autoestima. El papel de la enfermería se destaca como esencial para la acogida, el manejo del dolor, la educación para la salud y el apoyo psicosocial. Conclusión: la endometriosis tiene un gran impacto en la vida de las mujeres y la enfermería, a través de un enfoque humanizado e integral, es un agente fundamental para promover el bienestar de las mujeres con endometriosis, y es necesario ampliar la formación de profesionales y fortalecer las prácticas de cuidado empáticas y basadas en evidencia.
Palabras-clave: Endometriosis; Atención de Enfermería; Mujeres.
Introdução
A endometriose é uma condição silenciosa e dolorosa que pode causar grandes prejuízos à qualidade de vida das mulheres, especialmente quando não diagnosticada e tratada de forma adequada. Estima-se que cerca de uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva sofra com os sintomas da doença, muitas vezes sem saber, o que reforça a necessidade de maior atenção e acolhimento nos serviços de saúde. Dados recentes do Sistema Único de Saúde (SUS) indicam que, em 2021, foram realizados mais de 26.400 atendimentos relacionados à endometriose, além de aproximadamente 8.000 internações decorrentes da enfermidade [1-3].
É uma doença ginecológica benigna, crônica e de natureza complexa, caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. A prevalência global da endometriose varia entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva, podendo chegar a 20% em alguns grupos. A maioria das pacientes recebe o diagnóstico somente após apresentar dor pélvica intensa ou dificuldades para engravidar, evidenciando o subdiagnóstico e a necessidade de estratégias de rastreamento mais eficazes [2,3].
O quadro clínico geralmente inclui sintomas debilitantes como dor pélvica crônica, dismenorreia severa, dispareunia e infertilidade, que afetam de forma significativa a qualidade de vida. A endometriose é considerada uma das principais causas de infertilidade feminina, devido à formação de aderências e fibroses provocadas pelo processo inflamatório crônico, que podem obstruir as tubas uterinas e dificultar a fecundação. Além desses sintomas clássicos, a fadiga extrema é frequentemente relatada, interferindo substancialmente na produtividade e nas atividades cotidianas. A doença pode ainda acometer órgãos adjacentes, como bexiga e intestinos, resultando em disúria, dor à evacuação, diarreia, constipação e distensão abdominal [4,5].
No âmbito da saúde mental, a endometriose está associada a transtornos como depressão e ansiedade, exacerbados pela dor crônica, limitações impostas pela doença e a frustração relacionada à infertilidade. Esse contexto favorece o isolamento social, uma vez que muitas mulheres evitam interações e compromissos devido à imprevisibilidade e intensidade das crises de dor. Os efeitos emocionais da endometriose podem ser profundos e requerem uma abordagem sensível e acolhedora por parte da equipe de enfermagem, que deve estar preparada para lidar com múltiplas dimensões do sofrimento dessas mulheres [6].
Diante desse cenário, o papel da enfermagem é fundamental para o cuidado integral. A atuação do enfermeiro, por meio de ações de acolhimento, educação em saúde e acompanhamento contínuo, contribui de forma significativa para o enfrentamento da doença e a melhoria da qualidade de vida [8].
Objetivou-se descreveu-se o impacto da endometriose na vida das mulheres, considerando as múltiplas esferas afetadas, e como os cuidados de enfermagem podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pacientes.
Métodos
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada nos meses de fevereiro e março de 2025 e desenvolvida em seis etapas: formulação da questão de pesquisa, busca bibliográfica, extração de dados, avaliação crítica, análise e sumarização dos estudos e síntese do conhecimento [9]. O relato do estudo foi redigido conforme orientação do checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) [10].
A questão de pesquisa escolhda para nortear essa revisão foi: qual o impacto da endometriose na vida mulheres, considerando as esferas física, emocional, social e profissional, e como os cuidados de enfermagem podem contribuir para minimizar esses efeitos?
Para a busca de artigos foram utilizados os descritores controlados oriundos do Descritores em Ciências da Saúde (DECS) endometriose e cuidados da enfermagem, nos idiomas português e inglês. A seleção dos materiais foi realizada por meio de busca na Scientific Electronic Library Online (SciELO), nas bases Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e no Google Acadêmico.
Foram incluídos artigos e documentos acadêmicos ou publicados entre 2014 e 2024, nos idiomas português e inglês, que tratem dos impactos da endometriose na vida das mulheres e da atuação da enfermagem. Foram excluídos editoriais, carta ao leitor, os artigos indisponíveis na íntegra, duplicados, que não estejam relacionados diretamente ao tema de pesquisa.
Inicialmente, realizou-se o levantamento preliminar nas bases de dados mencionadas, seguido por uma leitura exploratória, a fim de avaliar a relevância e aplicabilidade dos estudos identificados. Posteriormente, procedeu-se à leitura seletiva, com foco na pertinência temática de cada produção. A etapa analítica permitiu a síntese crítica das informações coletadas, enquanto a leitura interpretativa promoveu a articulação reflexiva dos conteúdos discutidos. Por fim, os achados foram organizados em quadros. A análise e interpretação dos dados extraídos dos estudos selecionados foi realizada de forma descritiva e reflexiva, buscando identificar padrões, contribuições relevantes e lacunas na literatura.
Resultados
O levantamento inicial identificou 1590 publicações no Google Acadêmico (conforme a relevância foram consideradas as 100 primeiras publicações), 7 no LILACS, 7 no Medline e duas na SciELO. Após a leitura criteriosa e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a amostra foi composta por 8 estudos. A Figura 1 apresenta as etapas de seleção das publicações.
Figura 1 - Fluxograma de seleção dos estudos. Porto Alegre, RS, Brasil, 2024
Em relação às demias características, foram dois de 2023 e um de cada ano a seguir: 2025, 2024, 2021, 2020, 2018 e 2014; seis eram estudos de revisão e dois observacionais. Demais detalhamento se encontra no Quadro 1.
Quadro 1 - Características das publicações selecionadas. Maceió, Alagoas, 2025
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Autores, ano e periódico |
Objetivo |
Método |
Síntese do resultado |
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Sobral L et al., 2025[11] Revista Sociedade Científica |
Analisar as repercussões da endometriose na qualidade de vida das mulheres brasileiras. |
Revisão integrativa |
A endometriose compromete significativamente a qualidade de vida, afetando aspectos físicos, emocionais e sociais. O cuidado de enfermagem deve ser integral, focado no alívio da dor e apoio emocional. |
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Abrantes KB et al., 2024.[12] REASE |
Averiguar a qualidade de vida de mulher após o diagnóstico da endometriose. |
Estudo transversal com 640 mulheres acometidas de endometriose. |
Verificou-se que 66,43% das mulheres apresentaram baixa qualidade de vida. A Dimensão dor afetou 78,04% das participantes. Idades entre 14-20 e 41-53 anos foram as mais acometidas pela dor. A Seção Filhos foi pouco impactada afetando apenas 22,99% das mulheres. A seção Gravidez apresentou maior relevância na qualidade de vida caracterizada pela infertilidade atingindo 55,34% das mulheres. A seção Tratamento, o segundo fator mais impactante, atingiu 40,39% das participantes. Dentre as mulheres 32,26% relataram evitar relações sexuais por apresentarem dispareunia e 40,39% estavam frustradas com o próprio tratamento. |
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Neto ACM et al.,2023.[13] Revista FT |
Conduzir uma análise abrangente do impacto da endometriose na qualidade de vida |
Revisão narrativa |
O estudo destacou a importância de uma abordagem abrangente, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também os emocionais e sociais, para melhorar o cuidado e o bem-estar das mulheres afetadas. |
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Pardin EP et al.,2023.[14] Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences |
Apresentar, por meio da literatura científica, o impacto causado na qualidade de vida de mulheres portadoras da endometriose. |
Revisão integrativa |
A dor é um dos principais fatores de impacto negativo na qualidade de vida da mulher portadora de endometriose, todavia, sintomas como alterações no humor, depressão e irritabilidade estão presentes em mais de 60% das mulheres. Portanto, entende-se que a dor é um dos fatores principais causadores da baixa qualidade de vida, assim como o fato da impossibilidade de engravidar e/ou manter a gravidez. |
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Morais BH. et al.,2021.[15] Brazilian Medical Students Journal |
Identificar os impactos negativos da endometriose na qualidade de vida da mulher acometida. |
Revisão integrativa |
Os estudos mostraram que os sintomas da endometriose, como a dispareunia, a dor pélvica e a infertilidade, comprometem a realização de atividades cotidianas e que há diversos entraves que atrasam seu diagnóstico e tratamento. |
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Nascimento D et al., 2020.[16] Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento |
O objetivo do estudo foi abordar sobre: sintomas, diagnóstico e o papel da enfermagem na saúde da mulher com endometriose. |
Revisão integrativa |
Através dos diagnósticos de enfermagem, os resultados mais importantes e específicos para a situação foram identificadas e foram definidas intervenções de enfermagem. |
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Bento PA et al., 2018.[17] Physis: Revista de Saúde Coletiva |
Discutir os significados atribuídos por mulheres à dor causada pela endometriose, enquanto parte da dimensão íntima do protagonismo de se viver com esta doença. |
Estudo qualitativo com 20 mulheres com diagnósto de endometriose. |
Conclui-se que as narrativas deste estudo foram acionadas a partir de uma performatividade que teve por objetivo contra reagir à banalização corrente a que mulheres com endometriose são submetidas. |
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Vercellini P et al., 2014.[18] Nature Reviews Endocrinology |
Revisar os mecanismos fisiopatológicos da endometriose e as opções atuais de tratamento. |
Revisão sistemática. |
A endometriose possui complexa fisiopatologia que contribui para sintomas variados, incluindo dor crônica. O tratamento multidisciplinar, incluindo o cuidado de enfermagem, é fundamental para manejo efetivo da doença. |
Fonte: dados da pesquisa, 2025
Identificou-se que a endometriose impacta negativamente na vida das mulheres e que a enfermagem possui uma série de intervenções como agente de transformação na qualidade de vida destas mulheres com endometriose.
Discussão
Este estudo identificou que a endometriose possui impactos físicos, emocionais, sociais, entre outros, os quais serão abordados em forma de categorias a seguir.
Aspectos físicos e emocionais
Semelhante ao que foi identificado neste estudo, a literatura e profissionais que trabalham na área de saúde da mulher apontam que a dor crônica é o sintoma mais recorrente e debilitante, e impacta diretamente a vida diária da mulher, limitando sua capacidade de realizar atividades simples e comprometendo sua saúde mental. Muitas vezes, a mulher convive com dores intensas durante anos até que o diagnóstico seja estabelecido, o que aprofunda sentimento de frustração, impotência e angústia. Esse sofrimento prolongado pode desencadear quadros de ansiedade e depressão, além de prejudicar o sono e a alimentação [11,19].
Sob a ótica da enfermagem, reconhecer a relação entre dor crônica e sofrimento emocional é fundamental para prestar um cuidado integral. A escuta das narrativas das mulheres é crucial para o reconhecimento da doença, uma vez que muitos relatos são desconsiderados ou minimizados por profissionais de saúde, retardando o diagnóstico e o início do tratamento [2].
Pesquisas evidenciam que o sofrimento emocional vinculado à doença afeta diretamente a autoestima, levando a sentimentos de solidão, frustração e dificuldades no relacionamento afetivo e sexual [18]. Como ressaltam estudos recentes, as mulheres com endometriose enfrentam desafios que extrapolam a saúde física, refletindo-se também no bem-estar psicológico e na vida profissional [19].
Impactos sociais e relacionais
Verifica-se que a endometriose também compromete o convívio social e os relacionamentos afetivos. A dor pélvica intensa e frequente leva muitas mulheres ao afastamento do trabalho e de atividades de lazer, o que interfere negativamente em sua vida profissional e social. A dispareunia, por sua vez, afeta diretamente a sexualidade e a autoestima, prejudicando a vida íntima e afetiva das mulheres [15].
De acordo com a literatura, A endometriose pode comprometer significativamente a sexualidade feminina, sendo a dispareunia um dos sintomas mais comuns e debilitantes. Estudos indicam que mulheres com endometriose apresentam maior prevalência de disfunção sexual, com impacto negativo sobre o desejo, excitação, lubrificação e satisfação. Esses efeitos são potencializados pela dor crônica e pelas repercussões psicossociais da doença. Portanto, é essencial que os profissionais de saúde abordem a sexualidade de forma sensível e integrada ao cuidado [20].
Do ponto de vista da enfermagem, é imprescindível a construção de um espaço acolhedor, onde a mulher se sinta ouvida e compreendida em todas as dimensões da sua vida. Os profissionais devem estar aptos a reconhecer esses impactos e oferecer apoio emocional, orientações educativas e encaminhamentos necessários para outros profissionais da equipe multidisciplinar, como psicólogos e assistentes sociais [13].
O papel da enfermagem no cuidado integral
A enfermagem ocupa posição estratégica no processo de acolhimento e acompanhamento da mulher com endometriose. O enfermeiro é muitas vezes o primeiro contato da paciente no sistema de saúde e, por isso, deve estar capacitado para identificar sinais e sintomas da doença, realizar uma escuta ativa e promover ações de educação em saúde [18].
O cuidado deve ser centrado na mulher e orientado pelos princípios da integralidade e da humanização. Como sugestão para atingir esse objetivo, estudos indicam estratégias como rodas de conversa, grupos de apoio e consultas de enfermagem, que são ferramentas que auxiliam no enfrentamento da doença e no fortalecimento do autocuidado. Além disso, o enfermeiro pode auxiliar na adesão ao tratamento, no manejo da dor e na melhoria da qualidade de vida da paciente. Intervenções baseadas na educação em saúde demonstram grande potencial na redução dos sintomas e na promoção do bem-estar, pois empoderam a mulher e proporcionam maior compreensão sobre seu corpo e seu tratamento [18,21].
Desafios e perspectivas
Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres com endometriose é o atraso no diagnóstico, que pode ultrapassar uma década, segundo dados da literatura. Essa demora está diretamente associada à falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre a doença, incluindo os enfermeiros, o que reforça a necessidade de investimentos em capacitação e educação continuada [15].
A partir dessa realidade, destaca-se a importância da atuação do enfermeiro como agente de transformação no cuidado às mulheres com endometriose. O fortalecimento das competências clínicas e comunicativas desses profissionais pode reduzir os danos provocados pelo subdiagnóstico e melhorar a trajetória de cuidado dessas mulheres [12].
Entende-se que este estudo possui como limitação o fato de ser uma revisão integrativa, fato que dificulta a generalização em algumas realidades e contextos. Mas por outro lado, oferece conteúdo sobre o tema para profissionais que queiram adquirir mais conhecimento.
Conclusão
O desenvolvimento desta revisão integrativa permitiu entender de que modo a endometriose pode afetar a vida das mulheres portadoras dessa condição. Nota-se, portato, que os os sintomas da endometriose podem causar efeitos físicos, emocionais e sociais. Percebe-se ainda que mulheres portadoras de endometriose são mal compreendidas, ao relatar o efeito causado pela doença, o que gera um afastamento social, até mesmo dentro do âmbito familiar.
No que diz respeito aos profissionais de enfermagem, verifica-se que existe a necessidade de disseminar conhecimento sobre o assunto. Nota-se que esses trabalhadores precisam conhecer, entender, discutir e abordar a temática da endometriose, além de informar, orientar e participar ativamente no processo de cuidados das pacientes.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.
Fontes de financiamento
Esta pesquisa não possui financiamento.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Valença CROSB, Oliveira LLF; Coleta de dados: Valença CROSB; Análise e interpretação dos dados: Valença CROSB; Redação do manuscrito: Valença CROSB; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Valença CROSB, Oliveira LLF.
Referências
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