Enferm Bras. 2025;24(3):2373-2374
doi: 10.62827/eb.v24i3.4060

EDITORIAL

Veja as Flores! Onde estão os frutos?

Marco Antonio Orsini1,2, Marcos RG de Freitas2, Carlos Henrique Melo Reis1,2, Acary Bulle Oliveira3, Luciana Armada1

1Programa de Mestrado em Vigilância e Saúde (UNIG), Nova Iguaçu, RJ, Brasil

2Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil

3Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil

Correspondência: Marco Antonio Orsini, orsinimarco@hotmail.com

Como citar

Orsini MA., RG de Freitas M, Reis CHM, Oliveira AB, Armada L. Veja as Flores! Onde estão os frutos?. Enferm Bras. 2025;24(3):2373-2374. doi:10.62827/eb.v24i3.4060

Aquela ciência que aprendemos na escola e, obviamente, na época da adolescência não se insere nesse contexto. Médicos voltados exclusivamente para pesquisa de ponta no Brasil são escassos. A falta de investimentos significativos, associada à instabilidade político-governamental, representa grandes entraves. É impossível que um aluno de mestrado, doutorado e mesmo pós-doutorado produza com o capital ofertado pelas “grandes” fundações, conselhos e instituições brasileiras.

Pesquisas que se revelam promissoras são exportadas junto ao pesquisador. Além disso, quando possuímos algum artigo de relevância média, não buscamos nossas revistas entregamos de bandeja ou mesmo pagamos por nossa propriedade intelectual. Posteriormente, compramos com preços mais altos.

Podemos nos comparar ao café e à cana-de-açúcar. Faltam laboratórios, equipamentos, insumos e financiamento. Não há um ambiente onde a ciência possa ser feita e, sem isso, não há como formar ou manter médicos-cientistas.

Atualmente, a qualidade técnica dos novos alunos de mestrado e doutorado está extremamente fraca com trabalhos que, antes, nem eram considerados para notas mínimas de término de graduação. Existe uma forte tendência de que os programas de mestrado acabem… sabemos disso. A ausência de pensamento científico gera um custo humano e financeiro muito alto para o Brasil. Para que pensar se existem os guidelines e consensos?

Infelizmente, alguns partem dessa premissa. Hoje, conselhos brigam por provas de títulos, avaliações de futuros colegas médicos e outras trivialidades. Mas esquecem de um ponto nevrálgico! Deparamo-nos com um volume excessivo de exames e medicamentos prescritos sem critério; pois, por anos, foi criado uma espécie de algoritmo de prática médica, que é baseado apenas em diretrizes, mas sem reflexão crítica, e isso leva à perda de eficácia e, consequentemente, ao empobrecimento do pensamento fora das quatro linhas.

O médico precisa entender o contexto e fazer as perguntas certas é assim que se inicia uma pesquisa. Algumas semanas atrás, conversei com um amigo italiano sobre nossas realidades especialmente em relação à fuga de cérebros e à dificuldade de manter talentos no país.

Ninguém quer deixar o seu “fruto” científico no Brasil só por amor.