REVISÃO
Práticas avançadas, tecnologias e instrumentos no manejo da amamentação: revisão integrativa
Mariany da Silva Oliveira1, João Paulo Assunção Borges1, Ana Patrícia Araújo Torquato Lopes1, Daniel de Macêdo Rocha1
1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), câmpus Coxim, MS, Brasil
Recebido em: 10 de Maio de 2025; Aceito em: 30 de Maio de 2025.
Correspondência: João Paulo Assunção Borges, assuncao.borges@ufms.br
Como citar
Oliveira MS, Assunção Borges JP, Lopes APAT, Rocha DM. Práticas avançadas, tecnologias e instrumentos no manejo da amamentação: revisão integrativa. Enferm Bras. 2025;24(2):2290-2310. doi: 10.62827/eb.v24i2.4055
Introdução: O aleitamento materno é um cuidado essencial na saúde da criança. Entretanto, há entraves para iniciar e manter a amamentação, ocasionando o desmame precoce e suas complicações. A utilização de práticas avançadas e tecnologias pode auxiliar o profissional de saúde neste cuidado. Objetivo: sintetizar as evidências científicas sobre práticas avançadas, tecnologias e instrumentos utilizados no manejo da amamentação. Métodos: Trata-se de revisão integrativa da literatura, com análise crítica das evidências e foco nos instrumentos de avaliação. A revisão fundamentou-se em seis etapas: formulação da questão de pesquisa; busca nas bases de dados realizadas por dois revisores independentes; categorização; avaliação dos estudos; interpretação dos resultados; e síntese da revisão. Foram incluídos artigos dos últimos cinco anos, em língua portuguesa, sendo excluídos os duplicados e aqueles com outras temáticas, totalizando 12 artigos. Foi realizada uma combinação entre os descritores “Aleitamento Materno” AND “Avaliação de Tecnologias de Saúde”, por meio do operador booleano “AND”. O processo de busca foi realizado por dois pesquisadores independentes, nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e Medical Literature and Retrieval System Online (MEDLINE) por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Resultados: Os artigos foram analisados quanto ao ano de publicação; base de dados; título do artigo/autores; objetivo principal; tecnologias apresentadas/pesquisadas; contribuições para manejo da amamentação e possíveis lacunas. Os achados desta revisão de literatura revelaram que as práticas avançadas de suporte à amamentação são uma realidade e podem impactar positivamente no início, na duração e na exclusividade do AM. Conclusão: A simulação clínica e uso de tecnologias digitais, como aplicativos móveis e comunidades virtuais, foram as práticas mais comuns para aprimorar a formação profissional, melhorando habilidades e práticas no apoio às lactantes. As inovações e educação permanente são fundamentais para promoção de boas práticas de amamentação e da saúde materno-infantil.
Palavras-chave: Aleitamento materno; Avaliação de Processos e Resultados em Cuidados de Saúde; Saúde Materno-Infantil; Enfermagem.
Advanced practices, technologies and instruments in breastfeeding management: integrative review
Introduction: Breastfeeding is an essential care for the health of children. However, there are obstacles to initiating and maintaining breastfeeding, leading to early weaning and its complications. The use of advanced practices and technologies can assist health professionals in this care. Objective: to summarize the scientific evidence on advanced practices, technologies and instruments used in the management of breastfeeding. Methods: This is an integrative literature review, with a critical analysis of the evidence and a focus on assessment instruments. The review was based on six stages: formulation of the research question; search in the databases carried out by two independent reviewers; categorization; evaluation of the studies; interpretation of the results; and synthesis of the review. Articles from the last five years, in Portuguese, were included, excluding duplicates and those with other themes, totaling 12 articles. A combination of the descriptors “Breastfeeding” AND “Health Technology Assessment” was performed using the Boolean operator “AND”. The search process was carried out by two independent researchers, in the Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Nursing Database (BDENF) and Medical Literature and Retrieval System Online (MEDLINE) databases through the Virtual Health Library (BVS). Results: The articles were analyzed according to the year of publication; database; article title/authors; main objective; technologies presented/researched; contributions to breastfeeding management. The findings of this literature review revealed that advanced breastfeeding support practices are a reality and can positively impact the initiation, duration and exclusivity of breastfeeding. Conclusion: Clinical simulation and the use of digital technologies, such as mobile applications and virtual communities, were the most common practices to improve professional training, improving skills and practices in supporting lactating women. Innovations and continuing education are essential to promote good breastfeeding practices and maternal and child health.
Keywords: Breastfeeding; Outcome and Process Assessment; Maternal and Child Health; Nursing.
Prácticas, tecnologías e instrumentos avanzados en el manejo de la lactancia materna: revisión integrativa
Introducción: La lactancia materna es esencial para la salud del niño. Sin embargo, existen obstáculos para iniciar y mantener la lactancia materna, lo que conduce al destete precoz y sus complicaciones. El uso de prácticas y tecnologías avanzadas puede ayudar a los profesionales de la salud en esta atención. Objetivo: sintetizar evidencia científica sobre prácticas, tecnologías e instrumentos avanzados utilizados en el manejo de la lactancia materna. Métodos: Se trata de una revisión integradora de la literatura, con análisis crítico de la evidencia y foco en los instrumentos de evaluación. La revisión se basó en seis etapas: formulación de la pregunta de investigación; búsqueda en base de datos realizada por dos revisores independientes; categorización; evaluación de estudios; interpretación de resultados; y resumen de la revisión. Se incluyeron artículos de los últimos cinco años, en portugués, excluyendo duplicados y aquellos con otras temáticas, totalizando 12 artículos. Se realizó una combinación entre los descriptores “Lactancia Materna” Y “Evaluación de Tecnologías Sanitarias”, utilizando el operador booleano “AND”. El proceso de búsqueda fue realizado por dos investigadores independientes, en las bases de datos Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud (LILACS), Nursing Database (BDENF) y Medical Literature and Retrieval System Online (MEDLINE) a través de la Biblioteca Virtual en Salud (BVS). Resultados: Los artículos fueron analizados según el año de publicación; base de datos; Título del artículo/autores; objetivo principal; tecnologías presentadas/investigadas; Contribuciones al manejo de la lactancia materna. Los hallazgos de esta revisión de la literatura revelaron que las prácticas avanzadas de apoyo a la lactancia materna son una realidad y pueden incidir positivamente en el inicio, la duración y la exclusividad de la lactancia materna. Conclusión: La simulación clínica y el uso de tecnologías digitales, como aplicaciones móviles y comunidades virtuales, fueron las prácticas más comunes para potenciar la formación profesional, mejorando habilidades y prácticas en el apoyo a las mujeres lactantes. Las innovaciones y la educación continua son esenciales para promover las buenas prácticas de lactancia materna y la salud materno infantil.
Palabras-clave: Lactancia materna; Evaluación de Procesos y Resultados en Atención de Salud; Salud Materno-Infantil; Enfermería.
A amamentação é amplamente reconhecida como uma prática essencial para a saúde e o desenvolvimento dos recém-nascidos, proporcionando benefícios nutricionais, imunológicos, para o crescimento e desenvolvimento da criança. Para as mães, a prática do aleitamento promove redução do risco de hemorragias pós-parto, retorno ao peso pré-gestacional, redução no risco de câncer de mama e de ovário, além de fortalecer o vínculo afetivo e de cuidados [1]. No entanto, o aleitamento materno (AM) enfrenta diversos desafios, como o desmame precoce e complicações relacionadas à pega ou sucção inadequada, que podem ser mitigados com a implementação de práticas avançadas e novas tecnologias [2,3].
O AM exclusivo (AME) até os seis meses de idade é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde como uma estratégia fundamental para a saúde infantil [2]. Mesmo diante de várias iniciativas governamentais, a prevalência do AM encontra-se com índices situados abaixo do recomendado pela OMS, em torno de 30-40% em diferentes estudos [3,4]. Dificuldades em iniciar a amamentação e complicações mamárias, tais como fissuras mamilares, ingurgitamento mamário, mastalgia e mastite podem dificultar essa prática. Além disso, a falta de incentivo e de suporte profissional, associados a questões emocionais, como insegurança e medo, e fatores familiares e culturais são frequentes interferências entre as mães lactantes [3] e podem contribuir para o desmame precoce.
O conhecimento sobre práticas avançadas e novas tecnologias no manejo da amamentação e aleitamento é de extrema importância para o campo da enfermagem materno-infantil, pois enriquece o corpo de saberes existente nessa área de atuação. Outro aspecto relevante para aprimorar os cuidados prestados às lactantes e lactentes, é pautar a assistência com base em evidências científicas atualizadas sobre métodos, tecnologias e instrumentos de avaliação que podem ser implementados na prática clínica [2,3].
A investigação de instrumentos de avaliação da amamentação, pode fornecer contribuições substanciais para aperfeiçoar a assistência dos profissionais de enfermagem, possibilitando a avaliação de forma mais precisa e eficaz diante dos desafios enfrentados pelas nutrizes durante a amamentação. Ao integrar tecnologias inovadoras, essas ferramentas podem ser utilizadas para otimizar o suporte à amamentação, resultando em melhores práticas de cuidado [3,4].
Nesse sentido, é fundamental compreender aspectos relacionados ao suporte e manejo do AM. Diante disso, objetivou-se sintetizar as evidências científicas sobre práticas avançadas, tecnologias e instrumentos utilizados no manejo da amamentação. De forma específica, buscou-se identificar recomendações baseadas nas evidências científicas acerca dos instrumentos de avaliação da amamentação utilizados por profissionais de enfermagem na prática clínica.
Pesquisa com delineamento do tipo revisão integrativa da literatura, redigida de acordo com as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA) [5], de natureza descritiva e exploratória para reunir as principais evidências disponíveis e sintetizar o conhecimento acerca do tema central escolhido. Este protocolo de revisão da literatura foi implementado no segundo semestre de 2024 e foi fundamentado em seis etapas: 1) Questão de pesquisa; 2) Busca na literatura; 3) categorização dos estudos; 4) Avaliação dos estudos; 5) interpretação dos resultados; 6) Apresentação da revisão [6].
No primeiro passo a partir do problema de pesquisa, definiu-se a questão norteadora, seguindo a estratégia População, Intervenção e Contexto (PICo) [5]. A população definida foi a de nutrizes, o fenômeno de interesse foi definido como a prática avançada de Enfermagem, as tecnologias e instrumentos de avaliação, e como contexto o manejo da amamentação e aleitamento. Sendo assim, a pergunta norteadora desta revisão foi: Quais evidências científicas sobre as práticas avançadas, novas tecnologias e instrumentos de avaliação da amamentação são empregadas com nutrizes no manejo da amamentação e aleitamento?
Para operacionalização do processo de busca, foram selecionados dois Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), “aleitamento materno” e “avaliação de tecnologias de saúde” (termo alternativo). Foi realizada uma combinação entre esses descritores por meio do operador booleano “AND”. O processo de busca foi realizado por dois pesquisadores independentes, nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e Medical Literature and Retrieval System Online (MEDLINE) por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Foram incluídos artigos, dissertações e teses relativos ao tema de interesse com recorte temporal dos últimos cinco anos (2019 a 2024) disponíveis na íntegra e publicados no idioma português. Foram excluídas publicações na forma de editorial, artigos de opinião, capítulos de livros, manuais, protocolos, opiniões ou comentários de especialistas. As publicações duplicadas tiveram as versões repetidas descartadas, sendo contabilizada somente uma unidade. Também foram desconsideradas as publicações que não tinham relação com o tema.
A escolha dos artigos para compor a amostra desta revisão foi realizada após a leitura dos títulos e resumos, também realizada por dois pesquisadores, de forma independente. A seguir foram extraídos os dados de interesse e, para organização dos resultados, os dados foram organizados em instrumento elaborado pelos próprios pesquisadores utilizando planilhas do programam Microsoft Excell, contendo dados sobre ano de publicação, título, objetivos, metodologia, tecnologia avaliada, principais resultados encontrados, contribuições para o manejo da amamentação e lacunas identificadas pelos pesquisadores.
Os resultados são apresentados sob a forma de fluxograma e sintetizados quadros. Utilizaram-se métodos de análise descritiva e temática para síntese do conhecimento. As publicações foram identificadas por meio da autoria e citação, como forma de atender aos critérios éticos em pesquisa.
Este estudo investigou evidências na literatura científica acerca das práticas avançadas e das novas tecnologias no manejo da amamentação e aleitamento materno. O primeiro levantamento identificou 302 artigos, sendo 81 na base de dados LILACS, 52 na BDENF e 13 na MEDLINE. Foram aplicados os critérios de inclusão de disponibilidade do texto completo e de exclusão com base no tipo de publicação, na pertinência ao tema de estudo e os duplicados. O fluxograma na Figura 1 ilustra o percurso de obtenção da amostra.
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Figura 1 – Fluxograma do percurso de obtenção da mostra de artigos. Coxim, MS, Brasil, 2024.
A amostra de artigos foi composta por 12 estudos, identificados com as siglas A1 até A12, efetivamente incluídos nesta revisão, sendo quatro publicados em 2023, três em 2022, um em 2021, um em 2020 e três em 2019. Após a análise e extração dos dados, foi organizado um quadro com as informações de caracterização das publicações selecionadas (Quadro 1), que foram ano de publicação; autores; título do artigo; objetivos e metodologia utilizada.
Quadro 1 - Apresentação da síntese de artigos incluídos na revisão integrativa: ano de publicação, autores, título, objetivo, tecnologia avaliada e contribuição para o manejo da amamentação. Coxim, Mato Grosso do Sul, Brasil, 2024
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Identificação |
Autores Ano de |
Título do Artigo |
Objetivo |
Metodologia |
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A1 |
Anjos et al. [7] 2023 |
Contribuições das tecnologias educativas para promoção da amamentação: revisão integrativa |
Analisar as contribuições das tecnologias educativas para promoção do AM. |
Revisão integrativa nas bases CINAHL, PubMed, BDENF, Scopus e LILACS, com 17 estudos sobre pós-parto, tecnologias e enfermagem, em português, inglês e espanhol, sem recorte temporal, utilizando instrumento validado. |
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A2 |
Souza Silva; Pasklan[8] 2023 |
Construção e validação de instrumento para detecção do risco do desmame precoce |
Criar e validar um checklist para identificar o risco de desmame precoce. |
Estudo metodológico para um checklist de 8 blocos, validado pela técnica Delphi com juízes, considerando IVC ≥ 0,80 e 80% de concordância. |
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A3 |
Medeiros et al. [9] 2023 |
As dificuldades na amamentação de recém-nascidos: análise quanto à via de parto |
Identificar dificuldades na amamentação considerando a via de parto. |
Estudo observacional com amostra de 240 binômios mãe-bebê. |
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A4 |
Caniçali Primo et al. [10] 2022 |
Escala Interativa de Amamentação: avaliação da confiabilidade |
Avaliar a confiabilidade da escala interativa de aleitamento |
Estudo metodológico com 216 puérperas, seguindo a terceira etapa do método Pasquali. |
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A5 |
Medeiros et al. [11] 2023 |
Simulação virtual sobre amamentação e lesões mamilo-areolares: desenvolvimento e validação de protótipo |
Desenvolver e validar o jogo virtual Serious game “AleitaGame” |
O estudo, em três etapas, incluiu uma revisão de escopo, desenvolvimento de software educativo pelo método de Benitti e validação de conteúdo, técnica e pedagógica por seis especialistas. |
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A6 |
Gomes et al. [12] 2023 |
Tradução e adaptação para o português da Preterm Infant Breastfeeding Behaviour Scale (PIBBS) |
Traduzir, adaptar e validar a escala PIBBS. |
O estudo incluiu tradução, validação e pré-teste. |
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A7 |
de Sousa et al. [13] 2022 |
Promoção e apoio ao aleitamento materno na Rede Mãe Paranaense |
Identificar práticas de promoção ao AM em maternidades do Paraná |
Pesquisa descritiva e transversal com abordagem quantitativa, envolvendo mulheres atendidas em maternidades de referência na RMP, para gestação de alto risco (AR), risco habitual (RH) ou intermediário (RI). |
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A8 |
Oliveira et al. [14] 2021 |
Avaliação do desempenho de nutrizes e recém-nascidos durante a mamada no período neonatal: estudo comparativo |
Avaliar o desempenho de nutrizes e recém-nascidos durante a amamentação |
Estudo longitudinal comparativo em hospital no Piauí, Brasil, com 49 nutrizes no 1º e 28º dia de vida dos recém-nascidos. Utilizou-se questionário e o instrumento LATCH, com análise descritiva e testes de associações múltiplas. |
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A9 |
Araújo et al. [15] 2020 |
Conhecimento de gestantes sobre o papel do aleitamento materno no sistema estomatognático |
Avaliar o conhecimento de gestantes sobre aspectos odontológicos do AM. |
Estudo observacional, transversal, com aplicação de questionário sociodemográfico e com questões sobre o conhecimento de gestantes em acompanhamento pré-natal. |
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A10 |
Minosso et al. [16] 2020 |
Validação para o português da escala de conhecimento acerca do aleitamento materno |
Traduzir e validar a escala Knowledge Breastfeeding Scale. |
Estudo metodológico de validação de instrumento, realizado em seis etapas: tradução, retrotradução, análise por juízes, pré-teste, reexame das pontuações e avaliação das propriedades psicométricas. |
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A11 |
Cabral et al. [17] 2020 |
Inserção de um grupo virtual na rede social de apoio ao aleitamento materno exclusivo |
Analisar a contribuição de um grupo virtual de apoio ao AM. |
Ensaio clínico randomizado, realizado com 143 mulheres inseridas em grupo virtual, cujos filhos eram menores de seis meses de idade. |
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A12 |
Graminha PMF [18] 2019 |
Comunicação em saúde no aleitamento materno: desenvolvimento e validação de cenário para simulação clínica |
Validar um cenário de raciocínio clínico para AM. |
Estudo metodológico em duas etapas: 1) desenvolvimento e validação semântica do cenário com cinco docentes experts, usando instrumento tipo Likert, e 2) validação do cenário em simulação com três docentes e nove pós-graduandos, avaliando a execução com checklist. |
Fonte: dados da pesquisa, 2024
Com relação à metodologia dos estudos, cinco são metodológicos, três são observacionais transversais, dois são revisões de literatura (uma de escopo e uma integrativa), um estudo observacional longitudinal e um ensaio clínico randomizado. Entre os artigos da amostra, três estudos abordaram as estratégias para promoção do aleitamento materno, cinco trataram de instrumentos utilizados no manejo da amamentação, três avaliaram nível de conhecimento, dificuldades e desempenho das nutrizes no aleitamento e um estudo construiu um jogo educativo com foco na amamentação.
Os achados desta revisão de literatura revelaram que as práticas avançadas de suporte à amamentação são uma realidade e podem impactar positivamente no início, na duração e na exclusividade do AM, de acordo com recomendações das organizações de saúde. Além disso, a busca evidenciou que estudos recentes têm sido desenvolvidos abordando essa temática, conforme evidenciado no Quadro 1.
No Quadro 2, foram caracterizados os dados referentes à tecnologia avaliada, os principais resultados de cada estudo, as contribuições para o manejo da amamentação e as principais lacunas identificadas.
Quadro 2 - Caracterização da amostra de artigos com relação à tecnologia avaliada, os principais resultados de cada estudo, as contribuições para o manejo da amamentação e as principais lacunas identificadas. Coxim, Mato Grosso do Sul, Brasil, 2024
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Identificação |
Tecnologia Avaliada |
Principais |
Contribuições para o manejo da Amamentação |
Principais Lacunas |
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A1 [7] |
Ferramentas educacionais para capacitação profissional e orientação a pais e familiares. |
Desenvolveram-se ferramentas que facilitam o cuidado, promovendo a capacitação profissional e o apoio aos familiares, com recursos tecnológicos que aprimoram habilidades e garantem maior segurança materna e infantil. |
Apoio ao conhecimento e segurança materna/infantil, fortalecendo práticas de AM |
São necessários mais estudos sobre a capacitação profissional com tecnologias educativas, dado o papel essencial do apoio à mulher no período perinatal. |
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A2 [8] |
Checklist para abordagem holística e assistência humanizada. |
Os blocos “Substitutos do leite materno” e “Orientações profissionais” alcançaram a validação máxima na primeira etapa. Após as adequações sugeridas pelos juízes, a validação do checklist foi obtida com o valor de Coeficiente de Validade de Conteúdo = 0,96 na avaliação geral da segunda etapa. |
Direciona a atenção e identifica necessidades de cuidado, promovendo o AM. É necessário investir em planejamento familiar, ampliar assistência pré-natail, estimular o AM na primeira hora e promover assistência baseada em evidências. |
É essencial capacitar os profissionais de enfermagem para interpretar os resultados do instrumento e identificar corretamente as ações necessárias. |
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A3 [9] |
Avaliação das dificuldades e disposição materna em amamentar. |
O estudo identificou alta prevalência de dificuldades, com “posição” e “sucção” como principais desafios. Parto normal foi associado a comportamentos favoráveis na “resposta”, enquanto a cesárea teve relação com a “posição”. |
Evidencia associações entre parto e dificuldades específicas, como “posição” e “sucção”. |
São escassas as iniciativas de sistematizar a avaliação da amamentação por meio de protocolos e instrumentos validados. |
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A4 [10] |
Instrumento de avaliação da amamentação, com foco na interação mãe-filho. |
A escala é aplicável a mulheres e recém-nascidos saudáveis, sem restrições à amamentação, após 12 horas pós-parto ou em qualquer local. |
Ferramenta confiável para avaliar fatores que interferem na interação mãe-filho. |
Escassez de estudos de validação com outras populações que podem fortalecer a replicação e os padrões encontrados. |
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A5 [11] |
Jogo educativo com cenários simulados. |
O conteúdo dos casos clínicos e dos cenários simulados foi construído a partir de 115 estudos e foi validado por seis juízes em relação ao conteúdo e os aspectos técnico-pedagógicos. A versão final do Serious game “AleitaGame” contém diferentes recursos de mídia e gamificação para uma interação com o tema que trata da técnica de amamentação. |
Ensino inovador sobre técnica de amamentação e prevenção de lesões mamilo-areolares |
O estudo não identificou lacunas, mas sugere que outros instrumentos sejam desenvolvidos e experimentados quanto à validação. |
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A6 [12] |
Escala comportamental validada para prematuros. |
A versão brasileira da escala PIBBS foi denominada de Escala Comportamental de Amamentação do pré-termo. A escala foi traduzida, adaptada e seu conteúdo foi validado, alcançando equivalência conceitual e idiomática que variou de 83,3% a 100%. O índice de validade de conteúdo foi de 0,93. |
Facilita o manejo do aleitamento exclusivo em prematuros, ajudando profissionais no processo. |
Falta de análise de construto, sendo necessários testes psicométricos para aplicação clínica. |
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A7 [13] |
Análise de práticas educativas. |
No pré-natal, 27,1% das gestantes receberam orientações sobre aleitamento, 44,5% se prepararam, 45,1% tiveram contato pele a pele (65,2% por <15 minutos) e 61,8% amamentaram na primeira meia hora. No alojamento conjunto, 88,6% receberam apoio, 93,9% praticaram livre demanda, 47,3% não receberam orientações sobre lactação, 38,1% usaram xícaras/copos para leite e 47,1% doaram leite. |
Destaca a importância de ações educativas e sensibilização de profissionais para o AM. |
Recomenda-se a realização de novos estudos para garantir a integralidade da assistência e promover a saúde da mulher e da criança, incentivando o AM. |
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A8 [14] |
Ações de educação em saúde. |
Verificou-se que, na primeira avaliação, 32,7% das nutrizes e recém-nascidos necessitaram de suporte para adequação do processo de amamentação, enquanto na segunda, apenas 2%. Orientações técnicas de amamentação evitam complicações mamárias, relacionadas à pega e posição inadequadas. |
Destaca a necessidade de intervenções precoces e suporte técnico na amamentação. |
Não foram apontadas lacunas, mas sugeriu-se intensificar as ações de educação em saúde com foco na prevenção de complicações relacionadas ao AM. |
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A9 [15] |
Questionário de avaliação do nível de conhecimento. |
Observou-se que 60% das gestantes apresentaram nível bom de conhecimento, 36% nível médio e 4% das participantes com nível baixo de conhecimento. |
Reforça a importância da educação em saúde sobre o AM ainda na gestação. |
Não foi observada relação estatisticamente significante entre o conhecimento das gestantes com o nível de escolaridade e a renda familiar, variáveis que podem ser exploradas em outros estudos para ratificar esses achados. |
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A10 [16] |
Escala de avaliação de nível de conhecimento sobre amamentação, a Knowledge Breastfeeding Scale |
O instrumento apresentou consistência interna e concordância satisfatórias. A versão traduzida da escala mostrou-se válida e viável. |
Ferramenta útil para mensurar conhecimento sobre AM e orientar práticas clínicas. |
Recomendou-se sua utilização em pesquisas futuras para complementação das análises psicométricas. |
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A11 [17] |
Grupo virtual mediado por profissionais de saúde. |
Entre as mulheres entrevistadas, todas tiveram alguma experiência de amamentação exclusiva, variando de alguns dias até os seis meses preconizados pela OMS. A maioria delas residia com os companheiros e já havia vivenciado a experiência da maternidade previamente. |
Fortaleceu as evidências acerca dos benefícios das redes de apoio na promoção de troca de experiências e orientações adequadas. |
Diante da escassez de pesquisas avaliativas sobre as estratégias virtuais de apoio ao AM, salienta-se a necessidade de se promover estudos em outros cenários on-line para além dos gerenciados por profissionais de saúde. |
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A12 [18] |
Simulação realística, com atores e cenários. |
Na etapa 1, todos os critérios da validação semântica atingiram 100% de concordância, com sugestões incorporadas. Na etapa 2, 80% dos itens do checklist foram executados, exceto “avaliação das mamas” (70,2%). Os validadores destacaram o realismo da cena, devido à presença de atores e caracterização das atrizes. |
Apresentou uma estratégia educativa para formação de profissionais e suporte à prática do AM. |
Apesar da validação da estratégia de simulação, ressalta-se que para o uso deste cenário, com vistas à aprendizagem efetiva mediada pela simulação clínica, o professor deve conhecer os requisitos necessários aos alunos acerca da temática. |
Fonte: dados da pesquisa, 2024
As pesquisas analisadas mostraram que a implementação de novas tecnologias e a utilização de instrumentos de avaliação da amamentação melhoram significativamente a eficácia diagnóstica e a precisão na identificação de problemas durante a amamentação. A amamentação é reconhecida mundialmente como uma prática essencial para a saúde e desenvolvimento do bebê, além de trazer benefícios significativos para a saúde da mãe. No entanto, muitas mães enfrentam desafios substanciais durante o processo de amamentação, o que pode levar ao desmame precoce e a complicações de saúde tanto para a lactante quanto para o lactente.
A promoção e o suporte à amamentação por meio de práticas avançadas e do emprego de tecnologias têm implicações políticas e econômicas, respaldando ainda mais a necessidade de fortalecer essa prática [7]. Políticas de Saúde Pública que incentivam a amamentação e o AME podem resultar em menores índices de morbimortalidade materno-infantil, contribuindo para melhor qualidade de vida e de bem-estar geral das famílias, fortalecendo laços afetivos e promovendo um desenvolvimento infantil saudável. Do ponto de vista econômico, melhores indicadores de amamentação podem diminuir os custos com atendimentos de saúde, hospitalizações, com fórmulas infantis e outros cuidados infantis [14].
Emerge desta revisão que a inserção de práticas avançadas integradas às novas tecnologias no manejo da amamentação e aleitamento materno têm potencial de melhoria nos indicadores de resultados de saúde infantil e fortalecimento da atuação dos profissionais de saúde em oferecer suporte eficaz às nutrizes. As pesquisas analisadas mostraram que a implementação de novas tecnologias e os instrumentos de avaliação da amamentação melhora significativamente a eficácia diagnóstica e a precisão na identificação de problemas durante a amamentação.
A promoção e o suporte à amamentação por meio de práticas avançadas e do emprego de tecnologias têm implicações políticas e econômicas, respaldando ainda mais a necessidade de fortalecer essa prática [7,9]. Políticas de Saúde Pública que incentivam a amamentação e o AME podem resultar em menores índices de morbimortalidade materno-infantil, contribuindo para melhor qualidade de vida e de bem-estar geral das famílias, fortalecendo laços afetivos e promovendo um desenvolvimento infantil saudável [12]. Do ponto de vista econômico, melhores indicadores de amamentação podem diminuir os custos com atendimentos de saúde, hospitalizações, com fórmulas infantis e outros cuidados infantis [14].
A simulação clínica é reconhecida como uma prática avançada para a formação de enfermeiros, abordando e focando nas habilidades de comunicação em saúde [11]. A simulação clínica, validada por experts, mostrou-se eficaz na associação entre desenvolvimento de competências comunicativas e a prática clínica, destacando-se como uma estratégia educativa potente na preparação dos profissionais de saúde para o suporte ao AM [18].
A simulação clínica facilita o desenvolvimento de habilidades práticas e de comunicação entre os profissionais de enfermagem, mas também prepara os futuros enfermeiros para enfrentar desafios complexos no manejo do aleitamento materno. A validação de cenários específicos, como aqueles focados na comunicação em saúde, demonstra a eficácia dessa abordagem educativa na formação de profissionais capacitados para atuar no Sistema Único de Saúde [11,18].
O uso de simulação clínica e realidade virtual na educação dos profissionais de saúde é outra inovação significativa. Esses métodos permitem a prática segura e controlada de habilidades críticas relacionadas ao AM, melhorando a preparação dos profissionais para situações reais. A integração de atores e cenários realistas na simulação clínica aumenta o realismo e a eficácia do treinamento [11,18].
A criação de grupos e comunidades virtuais de apoio ao AME gerenciados por profissionais de saúde demonstrou aumentar a confiança e fornecer suporte contínuo às mães após a alta hospitalar. A credibilidade e a troca de informações nesses grupos foram fundamentais para o sucesso da amamentação, ilustrando como as tecnologias de comunicação podem ser integradas eficazmente nas práticas de saúde [3,17].
A criação e inserção de comunidades virtuais e a utilização das redes sociais para apoio ao AM, ampliam ainda mais as oportunidades de suporte. Esses espaços oferecem um ambiente seguro para compartilhar experiências e buscar orientação, apoio mútuo entre as participantes e promovem a confiança das mães ao fornecer informações baseadas em evidências e suporte contínuo [3,17]. Essas comunidades em ambientes virtuais contribuem para a autoconfiança das nutrizes e a manutenção do AME.
A educação permanente e a educação continuada para os profissionais de saúde são essenciais para o manejo do AM, diante da necessidade de atualizações frequentes e do uso de tecnologias educacionais para manter a competência profissional e a qualidade dos atendimentos. A combinação de métodos tradicionais com métodos inovadores de aprendizagem ativa, como a simulação realística, é recomendada para potencializar os resultados [14].
O uso de aplicativos móveis para suporte à amamentação e para auxiliar mães no AM foi explorado em um dos estudos. O aplicativo fornece informações e lembretes, além de permitir a comunicação direta com profissionais de saúde, mostrando-se uma ferramenta valiosa para promover a continuidade e o sucesso da amamentação [17,18]. Assim, entende-se que o apoio da rede social é essencial para a continuidade da amamentação, servindo como suporte nesse período de vida [3,13].
A utilização de aplicativos móveis representa uma inovação significativa no campo da saúde. Esses aplicativos fornecem informações genéricas e específicas sobre técnicas de amamentação, permitem um suporte contínuo e remoto através de lembretes personalizados e a possibilidade de comunicação direta com profissionais de saúde [7]. Estes aspectos são cruciais para superar barreiras de acesso, como a distância física e a disponibilidade de profissionais e de recursos educacionais, permitindo que as nutrizes recebam orientação especializada a qualquer momento e em lugares remotos.
Iniciativas que oferecem suporte estrutural, como ambientes de trabalho favoráveis à amamentação e políticas que incentivam a licença maternidade, são essenciais para garantir que as mães tenham o apoio necessário para continuar amamentando enquanto conciliam suas responsabilidades profissionais, visando à prevenção do desmame precoce entre mulheres trabalhadoras [11,19].
Outro estudo abordou o uso de tecnologias educacionais fundamentado em um roteiro de Teleconsulta de Enfermagem que pode ser utilizado por enfermeiros que atuam na área de amamentação, com linguagem acessível, simples, clara, de relevância para a promoção da saúde e prevenção de agravos, com foco nas complicações relacionadas à amamentação [20].
Estudos recentes têm demonstrado a relevância das tecnologias educacionais e ferramentas de apoio no processo de ensino e aprendizagem relacionado ao AM, principalmente no que se refere às orientações para gestantes. O uso de tecnologias educacionais representa método promissor no desenvolvimento das práticas de cuidados, atuando como ferramentas de apoio essenciais para profissionais, pacientes e familiares [7,13].
O uso de tecnologias inovadoras, como os jogos virtuais, também tem mostrado resultados efetivos nas ações de educação em saúde, destacando sua validade de forma e conteúdo, facilitando o ensino da amamentação e prevenção de lesões mamilo-areolares [11], consideradas fatores relevantes no desmame precoce. Além disso, a aplicabilidade de ferramentas digitais práticas no apoio à amamentação tem sido evidenciada diante da validade de escalas de fácil aplicação e compreensão para observação do comportamento do lactente, permitindo aos profissionais orientarem as mães de forma eficaz no incentivo ao AME [12]. Na literatura, encontram-se alguns exemplos de instrumentos utilizados na avaliação da amamentação e que convergem em alguns pontos de observação de maior importância, como os relacionados ao posicionamento, a pega e a sucção [15,16].
A integração entre tecnologias educacionais e ferramentas de abordagem prática pode proporcionar um apoio significativo às gestantes, promovendo conhecimento e capacitação prática necessária para o sucesso do AM. Alguns estudos apontaram que pode haver associação entre a via de parto e dificuldades para o início da amamentação [9]. Esses achados reforçam a importância de abordagens individualizadas no suporte à amamentação [16], considerando as diferentes experiências de parto e os comportamentos envolvidos.
A análise desses artigos revela que as práticas avançadas e novas tecnologias desempenham um papel crucial no manejo do AM. A simulação clínica, os ambientes e comunidades virtuais, os aplicativos móveis destacam-se como ferramentas inovadoras para a educação em saúde e o suporte para profissionais e para as nutrizes e suas famílias [3,7,11]. Ademais, ampliam o alcance do suporte oferecido por profissionais, proporcionando um ambiente de confiança e troca de informações em saúde de forma efetiva.
A Teoria Interativa de Amamentação complementa esse entendimento ao postular que a amamentação é um fenômeno complexo e multidimensional, dependente de um sistema de experiências, conhecimentos e crenças. Isso implica que a educação sobre o aleitamento deve considerar as diversas variáveis que influenciam a prática, sendo essencial integrar abordagens que abarque tanto o conhecimento teórico quanto às vivências das nutrizes [10].
Embora as novas práticas e tecnologias tragam diversos benefícios, há também desafios a serem considerados. A necessidade de acesso a tecnologias digitais e a capacitação dos profissionais de saúde são aspectos críticos para a implementação bem-sucedida dessas inovações. Além disso, é essencial garantir que as tecnologias sejam usadas para complementar, e não substituir, o suporte humano e presencial [2,3,12,7].
Nesse contexto, cabe introduzir e abordar a Prática Avançada de Enfermagem (PAE), que surge como uma possibilidade de inovação e avanço no cuidado de Enfermagem, proporcionando melhorias para os serviços de saúde e atendendo às demandas da população. Denomina-se Enfermeiro de Prática Avançada (EPA) o profissional enfermeiro com conhecimentos especializados e que possui habilidades para tomada de decisões complexas e competências clínicas para desenvolver uma prática ampliada de atenção e cuidados à saúde [21,22].
Para implementação da PAE são necessárias pesquisa, educação, prática assistencial e gestão, o que requer do enfermeiro autonomia e conhecimento do Processo de Enfermagem, envolvendo suas etapas, sobretudo de avaliação, diagnóstico e prescrições [21,22]. A PAE compreende ainda a gestão de casos, a implementação de programas e planos de assistência [22,23], que consistem em recursos indispensáveis para o manejo da amamentação realizado pelo enfermeiro.
Neste sentido, a PAE viabiliza a qualificação de práticas de enfermagem preventivas, de promoção, de tratamento e de reabilitação nos variados serviços assistenciais de saúde [23], com destaque para a ampliação dos papéis do enfermeiro implementando as práticas avançadas e elevado potencial de utilização na prática clínica de manejo da amamentação [21-23]. Nesse sentido, a PAE pode contribuir significativamente para o desenvolvimento e o funcionamento adequado dos sistemas de saúde brasileiro [26,27], inclusive na área materno-infantil.
Diante das transformações contínuas das inovações e das discussões sobre a PAE, é evidente o interesse em ampliar competências e habilidades profissionais do enfermeiro em consonância com o incentivo acerca da implementação da PAE [16,28,29]. Entretanto, ainda é incipiente o conhecimento acerca da percepção dos enfermeiros sobre a implementação da PAE, inclusive aplicada ao manejo da amamentação [23-25].
Em síntese, este trabalho estabelece uma base para futuras pesquisas, destacando lacunas no conhecimento e sugerindo direções para estudos subsequentes. A pesquisa sobre práticas avançadas e novas tecnologias no manejo da amamentação e aleitamento é de suma importância tanto para o universo acadêmico quanto para a prática clínica em enfermagem. Adicionalmente, este estudo contribui para a formação e capacitação de enfermeiros, preparando-os para utilizar práticas avançadas e tecnologias emergentes em sua atuação diária frente aos desafios contemporâneos da amamentação.
A principal lacuna encontrada por meio da realização deste estudo é que poucos artigos abordam a atuação do enfermeiro por meio da avaliação da amamentação através de instrumentos validados.
Nesta revisão foi possível identificar e discutir diferentes abordagens inovadoras e tecnológicas que têm contribuído significativamente para o manejo do aleitamento materno. Os estudos analisados revelaram que a simulação clínica é uma ferramenta para a formação de profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, melhorando suas habilidades comunicativas e práticas no apoio às nutrizes. A simulação proporciona um ambiente seguro para o desenvolvimento de competências essenciais, preparando os profissionais para enfrentar os desafios do aleitamento materno.
Os aplicativos móveis e comunidades virtuais são tecnologias que oferecem suporte contínuo e personalizado às nutrizes, facilitando a comunicação entre estas e os profissionais de saúde. Além disso, as redes sociais promovem a troca de informações e de experiências, podendo fortalecer o apoio emocional, contribuindo para a confiança e o sucesso na amamentação. A integração de práticas avançadas e novas tecnologias no manejo da amamentação e do aleitamento materno é essencial para melhorar os indicadores e resultados de saúde materno-infantil.
A interface entre educação em saúde, tecnologia, políticas públicas e iniciativas comunitárias cria ecossistema propício para o sucesso do aleitamento materno exclusivo, contribuindo positivamente para a saúde e o bem-estar das crianças e suas famílias. Este estudo reforça a necessidade contínua de inovação e atualização nas práticas de apoio à amamentação, visando à excelência no cuidado e na promoção da saúde materno-infantil. Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas a fim de validar e propor instrumentos e outras ferramentas tecnológicas a serem utilizados na prática clínica de assistência ao aleitamento, podendo, então, ser utilizadas na prática clínica e profissional, considerando o papel fundamental que estes profissionais desempenham no cuidado em saúde voltado à população materno-infantil.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.
Fontes de financiamento
Financiamento próprio.
Contribuição dos autores
Concepção e desenho da pesquisa: Oliveira MS, Assunção Borges JP; Coleta de dados: Oliveira MS, Assunção Borges JP; Análise e interpretação dos dados: Oliveira MS, Assunção Borges JP; Redação do manuscrito: Oliveira MS, Assunção Borges JP, Rocha DM, Lopes APAT; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Oliveira MS, Assunção Borges JP, Rocha DM, Lopes APAT.
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